sexta-feira, 27 de abril de 2012

COMUNICAÇÃO


REDES SOCIAIS

     Por incrível que pareça, em um mundo onde os meios de comunicação estão cada vez mais desenvolvidos e evoluídos, os seres humanos estão se comunicando cada vez menos. Em todas as situações e em todos os lugares, podemos sentir a diminuição de uma  comunicação em que as partes interajam de verdade.
     Andei pensando muito ultimamente sobre como têm funcionado as chamadas "redes sociais"... Quando comecei a participar delas pensei que seriam locais de relacionamento, onde conheceríamos pessoas com as quais poderíamos conversar e trocar idéias, pessoas diferentes, de todas as raças, credos, idades diversas, dispostas a bater papo e a se entenderem umas com as outras...bem, se neste momento você, que está lendo isso, começou a rir de mim, tem toda razão: é isso mesmo, estava totalmente iludida, no mundo da Lua.... Foi tolice achar que essa novidade provocaria algo de novo e melhor em nossa forma de nos relacionarmos, por dar-nos a chance de fazermos isso de longe, com menos atritos e competições.
     Nesses locais tornamo-nos "amigos" de pessoas que não conhecemos, simplesmente por serem amigos de nossos amigos... pessoas estranhas para nós como somos para elas... algumas mais que outras, isto é, você pode já ter ouvido falar de alguém, mas essa pessoa nunca ouviu falar de você... no entanto torna-se sua amiga! Isso pode ser muito complicado num mundo em que as pessoas pouco confiam umas nas outras, algumas desconfiam até de suas próprias sombras e, no entanto, aceitam essa "amizade" virtual que, no fim das contas, se torna totalmente fake.  São relacionamentos fantasmas, onde não há conversas, não há diálogos, as pessoas ou trocam algumas palavras particulares entre si, ou simplesmente fazem citações de textos ou frases de pessoas famosas, escritores, filósofos, gurus, sem dúvida alguma seres especiais, mas de preferência aqueles que estão bem longe de nós ou que já morreram! As opções que temos de respostas, bem aceitas pela maioria, são curtir ou exclamar: “que beleza, que lindo, fofo, adorei, amei...”, além dos indefectíveis...rsrsrs...hehehe...hahaha...kkkk...e assim por diante, pois, se houver qualquer tentativa de opinião, seja ou não discordante, a tendência é haver um corte na comunicação. Portanto, se está proibido pensarmos por nós mesmos e expressarmos nossos sentimentos, não há mais troca de idéias! Parece que a maioria das pessoas não pára mais para pensar, tem preguiça de refletir sobre a vida. Pode ser que muitos  se sintam inseguros de ir em busca de suas respostas e, assim não chegam às suas próprias conclusões ou se constrangem de colocá-las em questão. Ao citarmos, o tempo todo, as famosas frases, os pensamentos e longos textos dos “grandes pensadores e mestres da humanidade”, sem colocarmos nada de nossa lavra, é como se achássemos que nós mesmos não fôssemos capazes de raciocinar e pensamos que o que essas pessoas disseram merece mais respeito e credibilidade, portanto valorizam e reforçam nossas falas ou escritos.
     Nada contra os grandes sábios, é quase impossível não apreciá-los muito e não fazer citações repetindo os seus, de fato, preciosos ensinamentos, mas é aí que mora o perigo, pois parece que tudo já foi pensado e dito de tanto que repetimos, quase sempre, as mesmas sentenças, apenas de formas diferentes. Não percebemos que esse é um caminho um tanto ou quanto robotizante, já que evita vivermos sentimentos e emoções criativos que podem surgir, naturalmente, quando desenvolvemos e discutimos, no bom sentido, pensamentos e idéias próprios, pois não pensamos só com a cabeça. Como diziam os gnósticos, o conhecimento não deve ser concebido como um saber racional de natureza científica ou mesmo um saber filosófico da verdade, mas algo que brota do coração de forma misteriosa e intuitiva, de forma gnóstica, como uma “Gnosis Kardias” (o conhecimento do coração).


     Quando defendemos opiniões, sem radicalismos, sem acharmos que só um de nós tem razão, colocamos esses sentimentos para fora e podemos dar atenção, aceitar e aprender muito com os nossos interlocutores ou oponentes, se assim os considerarmos. Mas a maioria não aceita ouvir as opiniões de pessoas comuns, iguais a elas e, o que é ainda pior, mesmo quem costuma refletir e opinar por si mesmo dificilmente aceita que alguém diga algo mais, tente completar, ou discorde de suas reflexões e citações. Ao agirmos dessa forma, não há receptividade nem troca, parte-se do princípio de que quem se intromete no que dizemos é um chato, inconveniente, é de outra tribo ou está contra nós, quer nos prejudicar e assim por diante... Vamos criando uma espécie de repressão velada, criamos barreiras entre nós e aqueles com os quais não simpatizamos, isolamos pessoas por pura arrogância, não permitindo que possa haver um diálogo claro, verdadeiro e amigável. Desse jeito, tudo vai funcionando nas páginas dessas redes como se estivéssemos lendo páginas de livros ou jornais, com as quais não podemos conversar, tirar dúvidas... trocar... aprender...crescer... amadurecer... Porque introspecção, leituras e vivências só com as pessoas que nos amam e que admiram tudo o que dizemos e fazemos, é medo de enfrentarmos as nossas imperfeições e limitações, é uma forma de defesa que não nos permite evoluir.
     Sabemos que está havendo  um excesso de informação pelo mundo, na mídia, dependendo do assunto, a quantidade de notícias e repetições é tanta que se torna enjoada e estressante. E esse excesso é geral, acontece também entre as pessoas, nos relacionamentos  virtuais e nos próximos, do dia a dia, mas funciona de forma unilateral, isto é, todos falam ou escrevem e pouquíssimos escutam ou se interessam.

     Nesse processo das redes sociais nos referimos e escrevemos muito sobre mil coisas e damos pouca atenção aos nossos “amigos”, sejam os reais ou os virtuais; aliás, amigos continuam sendo apenas os que sempre o foram e algumas pessoas ainda perdem tempo enviando mensagens em tom agressivo e desagradável para todos (pois não discriminam o alvo), alguns desses recados chegam também numa forma dissimuladamente educada, mas não menos agressiva.
     Não querendo dizer com isso que deveríamos colocar somente coisas bonitinhas e engraçadinhas, mas qual pode ser o intuito de ficarmos nos agredindo, nos discriminando, digladiando, guerreando tolamente? O que ganhamos com isso? Deixamos de aproveitar bem essa rede incrível que nos trouxe a oportunidade de nos ligarmos, nos comunicarmos de onde estivermos, de nos unirmos de uma forma que há poucos anos atrás parecia impossível. Nos unirmos não é necessariamente  tornarmo-nos  iguais, homogêneos, mas termos condições de estarmos juntos mesmo separados por quilômetros e, durante essa vivência fantástica, sabermos como tratar as pessoas gentil e educadamente, isto é, com respeito e consideração. Quando nossa atitude é contrária a esta, mostra falta de consciência do que somos espiritualmente ao encarnarmos nessa terra.  


     E, no final das contas, todo esse discurso sobre a necessidade de podermos trocar idéias e discordarmos, educada e tranquilamente, uns dos outros, me lembrou uma frase famosa. Peço licença, pois não posso perder a oportunidade de fazer uma citação que pode valorizar esse texto... Como costumava dizer Nelson Rodrigues, com seu jeito irreverente, com bom humor e com muita propriedade: “Toda unanimidade é burra!” Não precisamos chegar a tanto, nem devemos ferir a susceptibilidade de ninguém, mas podemos avaliar se essa afirmação faz ou não sentido, já que o oposto de unanimidade significa democracia. 
   
     Ninguém é dono da verdade e, sem liberdade de pensamento e de expressão, nosso mundo não teria evoluído, pois juntos pensamos melhor do que separados. Portanto, não espero que todos curtam essa mensagem, mas que, pelo menos, não a ignorem e desenvolvam sua própria opinião e, de preferência, a coloquem aqui.


     Estamos precisando muito lembrar as palavras que tem a ver com o nome desse blog, Uranus: Liberdade, Igualdade, Fraternidade...

     Além disso.. Paz (aproveitando bem a energia de Netuno, atualmente em Peixes).

Rosa Carmen




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