segunda-feira, 21 de março de 2016

SER OU NÃO SER...

 PODRES PODERES...
 
 "Todas as teorias são legítimas e nenhuma tem importância. O que importa é o que se faz com elas." Jorge Luis Borges.


Tenho lido ultimamente muitas análises variadas sobre o momento político atual no Brasil e, cada vez mais, ninguém me convence com belos discursos que vão dos acadêmicos ininteligíveis e herméticos aos mais simples, e alguns, dos dois lados, bem furiosos...


 A ideia central sobre “direita” e “esquerda” que divide as pessoas entre as que não se importam com os pobres e as  que vivem  preocupadas com as injustiças sociais é puro engano, pois um ser humano é muito mais do que isso. Na realidade poucos são os que estão realmente preocupados com a pobreza e as injustiças em nosso mundo. Nesse sentido a diferença entre esses dois grupos de pessoas é que uns ignoram ou exploram os mais desvalidos e os outros os usam como massa de manobra política, fazem alguma maquiagem em suas vidas, criam programas assistencialistas (em princípio, válidos e necessários), mas param por aí e passam a cuidar de seus próprios interesses. Os “ideais” defendidos por ambos, mais que qualquer outra coisa, trazem em seu bojo a arrogância, a vaidade, a ganância e a vontade de ter controle e poder sobre uma sociedade. E isso já está mais do que provado por aqui e pelo mundo afora...

  Quando nos preocupamos verdadeiramente com o bem estar dos seres humanos, se esse sentimento for legítimo, será por todos os seres, tanto em relação aos que são ignorados, maltratados, explorados ou que sofrem qualquer tipo de preconceito, como os que agem desumanamente com seus semelhantes. Ambos são dignos de pena, ou melhor de compaixão e precisariam despertar e batalhar, cada um do seu jeito, para realizar uma grande transformação em suas vidas e na sociedade em que vivem. Mas que seja uma batalha incruenta. Não será nunca incitando o ódio e a  luta entre as pessoas que essa situação social vai se resolver e se fazer justiça, porque sabemos que, na prática, quando um grupo consegue derrubar o outro pela violência irá ter com os derrotados a mesma atitude que estes tinham com eles. É sempre “olho por olho” e “dente por dente”. A injustiça e a maldade continuam as mesmas, só mudam de lugar. Todo radicalismo leva ao maniqueísmo. E quem se sente dono da verdade se acha no direito de fazer “justiça” pelas próprias mãos.

Esse é o pior drama das relações humanas, quando achamos que encontramos o caminho mais certo, quem pensa diferente só pode estar errado e não merece consideração nem respeito. Isso acontece em várias questões das nossas vidas, mas quando diz respeito às questões políticas de toda uma comunidade o bicho pega, porque existem muitos interesses em jogo, principalmente de poder e financeiro. Nessas horas aparecem as atitudes desonestas. São as duas piores chagas do nosso mundo: o desejo e a luta por poder e pelo dinheiro!

Portanto, direita e esquerda são palavras que não podem designar nenhuma pessoa como sendo melhor ou pior do que a outra. Para fazer a diferença é preciso muito mais. Enquanto não houver um maior aprimoramento dos seres humanos em termos morais e éticos, com intenções e atitudes dignas, justas, honestas, vendo os outros como seus semelhantes e respeitando-os em todas as circunstâncias, de nada adiantarão todas as teorias e doutrinas já existentes e de nada valerá insistirmos nas antigas ou criarmos novas. Enquanto existirem ódios e preconceitos nos corações, e o ego de cada um, vaidoso e arrogante, falar mais forte, continuará diminuindo a possibilidade de um futuro de luz, justiça e abundância para a humanidade...

Não importa que sejamos religiosos ou ateus, sabemos que a vida, a existência do Universo e dos seres que conhecemos, principalmente os humanos, representam um tremendo mistério, para todos nós, um Mistério Profundo, inclusive para a nossa aclamada ciência!
As principais perguntas sem respostas são sempre as mesmas. A vida sempre existiu ou algo começou num determinado momento? Esse Algo pode ter saído do Nada? E até hoje conhecemos apenas um pouquinho do mundão que se imagina existir pelo Universo, aliás, Universos... não se tem ideia de quantos são, perdidos na imensidão...

Repetindo o que já escrevi uma vez, nosso primeiro olhar de crítica tende a ser sempre para os outros, isso se chama “projeção”. Mas, poderia servir também como uma forma de vermos o mais profundo do nosso ser, afinal, “o outro é nosso espelho”. Todos estamos envolvidos nessa teia, sem exceção, é dureza sairmos dela, é penoso aceitarmos nossos enganos, encararmos o lado mau de nossas sombras, e assim continuamos projetando o que há de pior nas outras pessoas, competindo, criando ódios por qualquer coisa e exigindo delas o que nem sempre fazemos, sem nunca nos sentirmos responsáveis pelos males do mundo. Esse é o princípio dos conflitos, de todas as guerras, quando as pessoas jogam nas outras uma agressividade desmesurada e a maioria é levada ao limite dos piores sentimentos, agindo sem nenhuma tolerância, nem compaixão...

É bastante improvável  que tudo o que existe tenha vindo do nada, pois tudo está sendo criado, desfeito e recriado constantemente. E nós somos pequeninos e perdidos no meio desse turbilhão. Encontrarmos um sentido mais nobre para nossa existência, nos reconcilia com o Princípio da Criação, que não precisa ter nomes, mas pelo jeito sempre foi, é e será... Reconhecer essa realidade nos traz o sentido de Unidade com o Todo, e assim não precisaremos mais ter inimigos ou competidores e não nos sentiremos melhores ou superiores a quem quer que seja.

Se quisermos viver com alguma paz e equilíbrio é preciso encontrar primeiro a paz interior, aquela nascida da alma, que só nos chega quando existe amor e respeito pela existência inteira, que nos ajude a descobrir o valor intrínseco da vida e o quanto ela é sagrada!
E nossa vida na Terra, de uma forma ou de outra, é difícil para todos...Tão rápida... tão efêmera... É preciso mesmo muita cegueira  para continuarmos ainda a perder o nosso exíguo tempo terreno nos odiando e nos destruindo, muitas vezes praticamente enlouquecidos e sempre iludidos por um ego inconsciente.

Já dizia C. G. Jung:
  “Onde o amor impera, não há vontade de poder, e onde o poder predomina, o amor esta ausente. Um é a sombra do outro.”
                                                    
Somos Um com o Eterno!

Rosa Carmen



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