(Em
homenagem à minha mãe)
No início deste mês de Fevereiro fomos
assistir a um casamento. Uma festa muito bonita, que aconteceu em uma Casa de
Festas no Alto da Boa Vista! Sim, a cerimônia de casamento e a recepção
aconteceram em uma casa de festas, com a união dos noivos celebrada por uma
juíza que discursa muito bem nestes casos de união só civil, que tendem a
acontecer muito. Enquanto assistia, lembrava do casamento do meu filho mais
novo, realizado dessa mesma forma, que não foi, absolutamente uma livre escolha
dos noivos, foi conseqüência apenas da intolerância humana. Minha nora é de
família judia e nós somos católicos, e a mesma situação acontecia com o casal
que estava casando naquele momento.
Tive uma experiência diferenciada em
minha formação religiosa, a família da minha avó materna é católica, mas meu
avô materno era espírita kardecista e a minha avó paterna era evangélica, da
Igreja Batista. Portanto, minha mãe conviveu com três pessoas muito queridas
que professavam, cada uma, uma religião diferente da outra. Minha mãe era uma
pessoa sensitiva e, além disso, muito sensível ao sofrimento alheio.
Acostumou-se a ler a Bíblia, influenciada pela sogra (na época dela os
católicos pouco olhavam para esse livro sagrado). Ao mesmo tempo, meu pai,
mesmo espiritualizado, não frequentava nenhum templo e, muito rígido e
ciumento, não permitia que ela fosse a qualquer local sem ele. Diante dessa
experiência, minha mãe fez da Bíblia a companheira da sua alma, sempre sedenta
por apoio e orientação espiritual, e os encontrou nas mensagens contidas ali. E
tudo o que ela leu, sozinha em casa, sem ouvir sermões de padres, pastores, ou
qualquer outro tipo de sacerdote, fez dela uma das pessoas de mente mais aberta
e evoluída que já conheci ou ouvi falar em minha vida, até hoje. Esta mulher,
nascida nos primeiros anos do século passado, criada da forma mais tradicional
possível - meu avô também era um homem rígido - casada aos 18 anos e vivendo
apenas para o marido e os cinco filhos, viu na Bíblia, com todas as durezas do
Velho Testamento, um livro de amor pela humanidade, um amor profundo, cheio de
compaixão e sem nenhum preconceito. Ela era uma pessoa alegre, gostava muito de
cantar, encarava a vida com bom humor e sabia ser uma grande amiga de todos os
que se aproximavam dela, independente de raça, credo e situação social ou
financeira, sempre ajudando os mais necessitados de qualquer forma de ajuda.
Dela recebi ensinamentos preciosos sobre aceitação e tolerância em relação aos
outros seres humanos, baseadas no sentido de verdadeira igualdade entre todos. Dizia
sempre que o fato de não poder freqüentar um templo não era algo grave, pois
nós mesmos éramos templos de Deus (esta é uma frase bíblica), Ele vive em
nossas almas e é imensamente misericordioso. Se tivesse conhecido minha nora e
assistido ao casamento dela com o neto, teria ficado muito feliz, pois teve
grandes amigas judias.
Voltando ao início deste texto, minha preocupação é exatamente com a intolerância que continua existindo até hoje entre as religiões no mundo inteiro. Apesar de nos considerarmos civilizados e, principalmente no Ocidente, nos acharmos altamente evoluídos, continuamos separados, brigando e nos desentendendo por causa das diferenças de raças, crenças e de opiniões filosóficas ou de interesses políticos e, principalmente, econômicos. Quanto à política e à economia, podemos pensar que não tem jeito mesmo, o ser humano continua sendo ganancioso e egoísta. Mas, e quanto às religiões? É provado que, desde os primórdios da humanidade, o homem busca a experiência divina, todas as mitologias comprovam isso. O psiquiatra C. G. Jung, diz no seu livro Psicologia e Alquimia (1944): “Meu trabalho demonstra que a alma possui uma função religiosa e reafirmo que a tarefa mais nobre de toda educação (do adulto) é a de transpor para a consciência o arquétipo de Deus. Já fui acusado de “deificar a alma”, isto é falso, não fui eu, mas o próprio Deus que a deificou! Eu simplesmente apresentei os fatos que provam ser a alma “naturalmente religiosa”, isto é, dotada de uma função religiosa. Ao afirmar, como psicólogo, que Deus é um arquétipo, eu me refiro ao tipo impresso na alma, a origem da palavra tipo vem do grego e significa batida, algo que imprime.” Portanto, segundo essa idéia, a imagem divina está impressa em nossa alma e pode ser representada por cada um dos símbolos da totalidade (exp. as mandalas). Jung comprovou assim, em seus pacientes, a veracidade da frase bíblica.
Há uma pergunta que não quer calar: O que o sentimento religioso e a devoção a um Deus têm significado para a humanidade, em todos esses séculos? Têm feito com que sejamos mais humanos? Nos tornam mais civilizados e pessoas melhores, mais amáveis, solidários e generosos? Ou passaram a representar, mais que tudo, crenças e dogmas para defendermos com unhas e dentes? Creio que é nessa questão que as coisas se complicam!
Nos últimos anos, muito interessada em conhecer um pouco de várias religiões, tenho lido e ouvido pregações maravilhosas, cheias de mensagens incríveis, todas falando de evolução espiritual, de busca pela expansão da consciência para uma maior compreensão do divino, e da nossa real participação na criação da divindade. E para completar, todas afirmam a Unidade do mundo e exortam todos a encontrar dentro de si o amor que devemos ter uns pelos outros. Mas será que, apesar de todo esse lindo discurso, cada um não continua sentindo-se separado e especial, por achar suas crenças mais certas e melhores que as outras? Se não for assim então, por favor, quem pode me responder por que um casal de jovens, que deseja se casar no religioso, mas que professa religiões diferentes, não pode receber as bênçãos dos respectivos sacerdotes de suas religiões?
Voltando ao início deste texto, minha preocupação é exatamente com a intolerância que continua existindo até hoje entre as religiões no mundo inteiro. Apesar de nos considerarmos civilizados e, principalmente no Ocidente, nos acharmos altamente evoluídos, continuamos separados, brigando e nos desentendendo por causa das diferenças de raças, crenças e de opiniões filosóficas ou de interesses políticos e, principalmente, econômicos. Quanto à política e à economia, podemos pensar que não tem jeito mesmo, o ser humano continua sendo ganancioso e egoísta. Mas, e quanto às religiões? É provado que, desde os primórdios da humanidade, o homem busca a experiência divina, todas as mitologias comprovam isso. O psiquiatra C. G. Jung, diz no seu livro Psicologia e Alquimia (1944): “Meu trabalho demonstra que a alma possui uma função religiosa e reafirmo que a tarefa mais nobre de toda educação (do adulto) é a de transpor para a consciência o arquétipo de Deus. Já fui acusado de “deificar a alma”, isto é falso, não fui eu, mas o próprio Deus que a deificou! Eu simplesmente apresentei os fatos que provam ser a alma “naturalmente religiosa”, isto é, dotada de uma função religiosa. Ao afirmar, como psicólogo, que Deus é um arquétipo, eu me refiro ao tipo impresso na alma, a origem da palavra tipo vem do grego e significa batida, algo que imprime.” Portanto, segundo essa idéia, a imagem divina está impressa em nossa alma e pode ser representada por cada um dos símbolos da totalidade (exp. as mandalas). Jung comprovou assim, em seus pacientes, a veracidade da frase bíblica.
Há uma pergunta que não quer calar: O que o sentimento religioso e a devoção a um Deus têm significado para a humanidade, em todos esses séculos? Têm feito com que sejamos mais humanos? Nos tornam mais civilizados e pessoas melhores, mais amáveis, solidários e generosos? Ou passaram a representar, mais que tudo, crenças e dogmas para defendermos com unhas e dentes? Creio que é nessa questão que as coisas se complicam!
Nos últimos anos, muito interessada em conhecer um pouco de várias religiões, tenho lido e ouvido pregações maravilhosas, cheias de mensagens incríveis, todas falando de evolução espiritual, de busca pela expansão da consciência para uma maior compreensão do divino, e da nossa real participação na criação da divindade. E para completar, todas afirmam a Unidade do mundo e exortam todos a encontrar dentro de si o amor que devemos ter uns pelos outros. Mas será que, apesar de todo esse lindo discurso, cada um não continua sentindo-se separado e especial, por achar suas crenças mais certas e melhores que as outras? Se não for assim então, por favor, quem pode me responder por que um casal de jovens, que deseja se casar no religioso, mas que professa religiões diferentes, não pode receber as bênçãos dos respectivos sacerdotes de suas religiões?
Sei que, pelo menos, os padres e os rabinos
são proibidos de realizar cerimônias fora de seus templos, dos lugares
considerados sagrados. Tudo bem, faz sentido, mas, se for só por causa deste
detalhe, porque nunca se pensou em criar
um local que fosse abençoado por todas as religiões, pelo menos aquelas que melhor
se aceitam, e onde as pessoas de religiões diferentes pudessem ser casadas
pelos seus sacerdotes numa cerimônia Ecumênica?
Cada um realizaria alguma parte mais importante do ritual de sua tradição e
abençoaria os dois nubentes. Não seria uma cena linda e emocionante? Seria também, uma atitude humanista e espiritualista da mais alta qualidade, por
representar, mutuamente, respeito, condescendência, compreensão, solidariedade,
gentileza, amabilidade, delicadeza, boa vontade, congregação, confraternização,
simplicidade, refinamento, despojamento, cordialidade, desapego e tudo isso
representaria, principalmente, Humildade.
E essa é apenas a primeira parte, pois
no momento em que esses jovens tiverem filhos, como será? Não é preciso que
ninguém perca suas tradições ao respeitar e unir-se às outras. Então, porque
essas tradições não podem ser compartilhadas? O que nos impede de vivermos essa
confraternização, essa união dos diferentes, sem perdermos as qualidades de cada religião? Porque temos
que escolher uma ou outra? Será que não acreditamos que Deus é uma Unidade,
embora tenha vários nomes? Não sabemos que esta vida terrena é apenas uma
passagem para algo totalmente misterioso?
Ficam as perguntas acima esperando por alguma resposta, se houver. Enquanto isso, só posso dizer ao meu filho e à minha nora, e a todos que estiverem ou que estarão na mesma situação deles, como repetia a minha mãe: “O verdadeiro Templo do Senhor está dentro de nossas almas!”
Ficam as perguntas acima esperando por alguma resposta, se houver. Enquanto isso, só posso dizer ao meu filho e à minha nora, e a todos que estiverem ou que estarão na mesma situação deles, como repetia a minha mãe: “O verdadeiro Templo do Senhor está dentro de nossas almas!”
Nenhum homem deve
sentir-se superior a outro ser, nem um local precisa ser considerado mais puro
que outros, o que conta são os pensamentos, os sentimentos e as intenções das
pessoas que ali estiverem, portanto, procuremos manter a atitude de “orar e vigiar”
e, assim, poderemos nos sentir sempre abençoados, indo pelo caminho dos justos,
a cada dia de nossas vidas, independente do lugar onde estejamos!
Não
esquecendo de procurar ver a vida sem rigidez, evitando ficarmos presos a
certezas inquestionáveis, sermos mais flexíveis e mantermos o bom humor, que
deixa a mente solta e o espírito mais alegre.
Há alguns anos
encontramos um local em que as pessoas procuram fazer um trabalho ecumênico!
Mas, essa é uma outra história...
Muita alegria e paz,
Rosa Carmen
Rosa Carmen
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